quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Transcênde Amanha


[ Acreditava na alta fidelidade que desconhecia! Sintonizava, sonâmbulo, o televisor tímido, do mesmo sofá de ontem. Mergulhava-se numa mentira que teimava em reviver em loop...rebobinando roboticamente até
inventar-se pela última vez. Dizia às pessoas, que nunca vira, do quão preferia perfurar nas profundezas dum sono leve, com um olho aberto para o passado. Agora lembra-se das vezes que mentalizava-se de que o mundo não era mais que um intervalo prolongado entre duas séries sérias...a mortalidade e a imortalidade...
Daqui, a sala continua com aquele mesmo ar arrumado do comodismo! Entregue ao abandono para que nada falte, com a poeira a querer fazer-se pesar em nome do presente. Todos os dias a mesma mobilidade morta! Dá-lhe mais prazer pendurar-se nas fotografias para reatear a acendalha da memoria desfocada que deixou na mesa de cabeçeira. Convence-se que não se vence com um só disparo... Deita-se no colo nostálgico do que perdeu e aguarda...até que volta a entrar na sala-de-estar da semana passada! ]
[ Ele uma vez escreveu meticulosamente a sensação de ter estado num espaço sem estado ]

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Dormia,se...



[Passou me vezes demais a mesma ideia de te ter ao partir enquanto te queria perder para sempre ao chegares! Sim, pronto confessei! É que sabes, só se consegue mascarar algumas coisas, e mesmos essas só até um certo ponto, e até a tentar fugir da norma, sabia que a minha discoordenação motora só me levaria para mais perto de ti. Fecho e abro, e fecho e abro a mesma janela para o interior só para ir descobrindo a cada gesto que só me estou a ver no espelho picado do meu presentemente...e aí chegas! E voltas a chegar como só tu sabes, barulhento e imponente, deixando me com a garantia que estás cá para morar, com a tua mão já morta na minha...
Tantas foram aquelas alturas que só te conhecia a meia distancia, algures entre duas linhas paralelas e um encontro marcado no infinito. Não digo que seja bom ter te como sombra, é que... oh, é bem melhor não te ter sequer e muito menos a seguir-me doentiamente. É isso mesmo! Doente já eu estou, e todos os outros eu's que vão sobrevivendo à vida. Basta me a ideia de ter de te respirar contrariado, quanto mais medicar-me contra o que sei nunca ter sido. Consegues mesmo invadir me até eu me desfazer pelas costuras do desânimo! Consegues tudo que queres quando me esvazias da motivação, agora mecânica, que me move...nasces dum buraco que não encontro e ficas...
E, agora que partes, até entretanto, levas-me outra vez contigo, deixando me aqui a observar nos a dissipar no amanha! E como é que achas que me pareço assim, de mãos dadas com a vontade desfigurada que também levaste? Achas justo descartar-me de mim, outra vez?! Acreditas na violência deste comodismo?! Acreditas que me vá tornar mais sólido, tão simplesmente?! Definitivamente não é que me faças falta sequer...o que me faz falta é ter te no 'corpo' de antigamente... ]

sábado, 3 de julho de 2010

Chá



[ Derreti-me com o calor do ocioso! Dilui-me em múltipos momentos de desordem e redundância, bastardo. Agora sento-me no passeio parcialmente húmido, à espera que o autocarro mudo me apanhe. Sei que ainda não passou, certifiquei-me que estava imóvel aqui com 10 minutos para sobrar, descalço e já desapegado da pele!
Foi mesmo necessário fugir da perseguição da preguiça. Mesmo! Ainda vou passando os dias em reabilitação, com a ressaca agravada por esta imensa fraqueza acomodada. Débil, sim, é isso... Existo dentro duma maratona circular! Corro por um fôlego de oxigênio atmosférico. Sempre foi o melhor comprimido que podia tomar ao acordar. E tu? E tu hein?hein?!...também tomavas sistemáticamente aquelas doses absurdas de ego e ânimo que te obrigavam a passar noites em salas de urgência, naqueles corredores de cores difusas, ligado ao soro quente do desespero?! Algumas foram as vezes que nos encontravamos nesse ambiente apagado, alias, foi o que nos alojou quando nos conhecemos! Mesmo para além de estarmos na mesma circunstância, no exacto mesmo estado demente de moleza, sempre foste bem mais consistente que eu, mais sólido... Como tinhamos pouco para fazer durante as infinitas esperas cronometradas, tornaste-te meu terapeuta. Ambos sabiamos, académicamente, que tu precisas dum corpo para subsistir e eu dum espírito para subsistir depois de tudo acabar!...
Mas a conversa terá que ficar aqui neste envelope amarelo que vou fechar temporáriamente e esconder ali numa fresta amena debaixo do banco da paragem.O autocarro está ao fundo da rua e não chegaria a rua para atingir o fim deste diálogo aberto. Costumamos pausar as nossas conversa com constantes divergências e tensões, mas enfim... tenho mesmo que ir que o Sr. D, o motorista, é pouco tolerante...
Ahhh e deixa-me que te diga que não sei quando voltarei a apanhar o autocarro a esta hora... ]


[ Ficas com o meu sentido de humor amargo, para me devolveres quando nos cruzarmos ]

*

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Ideias de Vidro



[ Corro impasciente dum lado para o outro, numa linha calcada a negro, até desgastar o chão raso do meu quarto. Finto-me para não embater no meu passado, enquanto volto a passar, uma e outra vez, centenas de vezes e outras vezes mais... Precorro toda esta maratona iluminada até te incandear, febril e débil ser sem saber. Consigo fingir a tua presença, o que, pelo menos, me leva longe da responsibilidade de ter de me manter em ti! Tu, só ficas a saber nos dias a seguir... Meteste na tua cabeça congestionada que estariamos diluidos um no outro, tão neutros que sustentaríamos os nosso corpos na atmosféra. Estavas mesmo mesmo certa que o mundo tinha voltado a ruir debaixo das nossas sombras flutuantes ficando ilesos da desistência. Dizias que tudo se respirava acima do que deixamos de ser, exactamente quando voltamos a existir! Sabias que todo aquele humor húmido não tinha passado dum lembrete sujo. Oh, custa-me ter de te elaborar assim, desalmadamente e deslexico, porque sei que querias mais infinitude e menos corpo! ... Mais universo e menos poder! ... Mais ou menos...
Vou fingindo a tua presença, frustrado por o fazer sem problema! Limito-me a certificar que tudo continua intacto neste quarto que me cerca e que a linha desvanecida, que voltei a riscar, se mantenha em permanência, garantindo me, neste espaço, a ilusão amena da certeza... ]

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Submerge-se a Sombra no Sol



[ Frequentava-te sem o saberes! Existia no limiar dos nossos corpos, naquela linha da silhueta desenhada à mao livre. Expandi-me como um gira-discos estragado, vezes sem conta, até me preencher contigo. Visito-te! Trago sempre uma lembrança muito insignificante feita da última vez que estive em ti. Irrito-te quando a primeira coisa que recebes quando me abres a porta são embrulhos dos cantos mortos e inúteis do teu espírito. E irrita-me o quão gosto de te ver assim! E frequento-te, sem o saberes...
Mudei de apartado às escondidas! Descobri outro corpo onde habitar. Sei que hoje é dia de suposta visita, e que continuas à minha espera, aí, nessa varanda coberta de folhagem seca que detestávas. Achavas que merecia uma recepção mais honesta e polida! Querias me dar o que não conhecias, e eu queria abraçar o que não queria... Entretanto (provavelmente) já voltaste para dentro dessa tua casa modesta que esvaziei de mim! Sentes o calafrio no zumbir surdino das paredes, agora nuas.
Vou-te enviando envelopes vazios duma morada que não existe para ti! Vai só com o nome apagado do remetente... Não sabes mas continuo a receber chamadas do antigo senhorio, reclamando da quantidade de correspondência que a minha minúscula caixa de correio continua a ocupar! De dois em dois dias uma nova carta cai lá, dentro dum rasgo enferrugado dum espaço que já não tenho. Nos dias de agora, reside lá a Senhora Aurora, ouço o senhorio contar-me, repetidas vezes...

Fiz-te em mim para conseguir largar-te sem sentir saudade!... ]

terça-feira, 23 de março de 2010

b-12



[ Numa sala a rechear-se, alma a alma, sóbrio murmúrio emparalhado, expectativas enrolam-se na atmosfêra dentro da côr de cór do entusiasmo. Acima duma vista aérea, há um preenchimento axedrezado de lugures soltos e inóspitos, aqui, ali, além, àquem...mas eu...eu...sobrevivo no ínfimo pedaço desta sala, ainda de espera. Este contágio solto, vidrado e denso da anticipação dormente começa a desfigurar o coração. Trocam-se impressões digitais entre o casal terno que ocupa os bancos na minha fila! Soltam-se gargalhadas desafinadas! E eu...eu...marco outra percussão, acústico ritmo, sem que repercuta. Os dedos ásperos das mãos mornas tencionam-se à fricção e, depois, de repente...o palco transforma-se em luz! ]

[ ... ]

segunda-feira, 22 de março de 2010

Adormecia em Tardes de Verão



[... fez passerelle antes de ler o letreiro...retirou-se,inseguro...e...depois...desinfectou as mãos das nódoas experientes. (Tinha tempo para tudo e mais alguma coisa)... vincando-se, imaculado! Carregava nas malas, duas, revestidas com os padrões pseudo-arte nova, novas desta nova arte, responsibilidades acumuladas e algumas fotografias manchadas pelo suor surdo da infância. Sentou-se, satisfeito com o conto que o seu relógio baço o contava, num banco de linhas frias, tubulares e melancôlicas. Sorria! Sorria no vazio de aguardar respostas a perguntas que conspirava, por entre os dedos gastos, nele... O meu banco conceptualizado a régua e esquadro, imponente e sombrio estava fixo à terra, 4 ou 5 metros da dele. As peças da vida dele reuniam-se ali, àquilo, tornando as minhas numa aragem inerte...inerte...inerte e aos saluços! Dei por mim resumido a ele, fiz-me nele sem que ele se fizesse em nós, numa vida dançada e dele. Os seus quase 70 aniversários romperam a camada naive da minha existência... ajeitava-se ao toque dum assobio, mas as minhas mãos continuavam-se a desfazerem no que é sujo... ]

[ Passo as lentes dos óculos pela roupa transparente...e reinvento-me! ]

domingo, 14 de março de 2010

Simulei-nos, ao Ouvido



[ Descrevia a noite plana num plano panorâmico! Sim, haviam corpos a baloiçarem em nosso redor, meu próprio pendurava se na brisa, ártica. Ao todo, havia cabelo ao vento e arrepios em tudo. Jornadas entre destinos em câmara lenta. Irrito-me com o modo como abafo luminiscência, a liberdade de expressão de um relato à meia luz. Segurei no holofote até que o aperto me cortasse a circulação nas mãos...e...ao fim de contas...tudo não passava dum gabinete claustrofóbico e húmido debaixo do cartaz estrelado de cima!
Lamento até ao infinito e depois disso! Preciso de voltar a ligar o moderador à ficha pálida. Recai sobre mim conceptualizar a comunicação, conscientemente. Infelizmente é preciso o mundo acabar antes que nós o possamos ressuscitar! Como se reanima algo que ainda não atravessou a barreira da existência?! Concentrar-me-ei em antecipar me ao caos exactamente por ter o conhecimento e faculdade que parte de mim. Banalizo sinais que me envio, sem sineta...

Preciso de tirar férias do meu corpo... ]


[ 21 ]

sábado, 13 de março de 2010

Sozinho numa Mesa para Dois



[ Estes registos! Do que valem, e vão valendo, tanta exposição se fica arquivado sem consulta? Dedica-se vontade e comunicação que não chega a ser canalizada, esforços são tomados praticamente para serem lançados ao abismo, ao infinito virtual duma internet em expansão supersónica!
Aluguei este apartamento T1, que afinal de contas não passa dum espaço sem soalhos com uma cozinha que vale por dois. Cozinho os ingredientes, já com a mesa posta. Um prato sobre um guardanapo rasgado ao meio. Um garfo polido. Uma faca de dentes gastos e rasos. Um copo, basso e rachado pela injúria. Hoje, nem sopa haverá...
Passa-se o tempo no laboratório químico do coração, do olho e da língua...deshidratados, em busca duma bandeira do outro lado da muralha, inhóspida. Tenho um frasco para cada submissão que deixo, com um rótulo áspero, onde escrevo o título e guardo cada coisa que consigo absorver desse post. A estante está recheada de frascos, uns ao abandono, outros com fragmentos recolhidos. O curioso é a centelha dessas ínfimas particulas, o brilho atómico! É simplesmente o pouco que me ascende o quarto (sala), deixando me sem conseguir dormir. Estou vos gratos...

Isto é um pequeno bilhete, que resgatei do bolso roto das calças. Ao menos vou exercitando a gramática enquanto viajo à fase, adormecida, que era... ]

[ Comi um gelado para a sobremesa ]

sexta-feira, 12 de março de 2010

Escrevi numa Folha que ficou em Branco



[ ... vivia-se na prática dos gestos por treinar. Respirava-se por debaixo de àgua, enquanto a banheira inchia até ao transbordo. Gostavamos de contar em contagem decrescente até nos acabar o oxigênio nos pulmões e os nosso corpos se sucubiarem à ruptura. Almas sem fôlego! Alma tonta e descabida! Precorriam se as ruas dos bairros deshabitados da nossa cidade batendo em porta sim porta não fugindo frenéticamente até ao parque, já só com o mesmo ar em nós como quando dentro da banheira. Atirava-me à relva aparada num descuido coreografado...hahaha...só via o céu a rodar em torno da minha cabeça leve. Tu, preocupavas-te demasiadamente com a roupa...que deixamos a lavar da tarde anterior. Dizia-te, enquanto me dizias ao mesmo tempo, do quão ridículos e dementes pareciamos diante aquele casal idoso, até então instalados harmoniosamente, mesmo ali ao pé, sobre a mesma manta lavada de todos os outros dias. Costumava acabar tudo bem, ou a tomar-se um gelado ou então a assobiar-se uma melodia que nos parecesse flutuante...
... acordava-se na transpiração das utopias. Sobressaltava-se no desalento, enquanto as torradas se faziam. Vislumbrava-se a mesma paisagem do lado de dentro da mesma janela enrugada, consumida pela desistência e pela madrasta monotonia! Apanhava as palavras enquanto o envelope arejava, selado e seco. O estendal já nem suportava o peso da consciência que nunca conhecera... A cafeteira apagava-se, a porta da frente fechava-se sem que a casa ressoasse...

... nos dias de hoje, as reticências deixam os pensamentos a flutuarem num eco prolongado... ]

Ser-se Coragem


[ BREVEMENTE ]

Caiu Saraiva (ao longe)



[ Foi dificil saber intrepretar todo aquele teatro. Qual Hamlet?! Hamlet sem Shakespeare! Uma peça num escalão só por si. Acho que nunca assisti a nenhuma encenação ao ar livre, havia tempos de monólogo, sátira ou apenas um mundo de alguém prestes a ruir sobre nós. Exclamavam-se teorias, desabafos sem consciência, enquanto tudo rodopiava ao cair do cigarro. Eu compreendia a magnitude a cada desenlace frio, quase repetitivo. Recordo me agora, por breves segundos, que nada daquilo vai ser lembrado pela única figura/figurante a pisar aquele palco, raso. Exercitou-se a imaginação num campo magnético cómico e absurdo. Entre um gole seco numa bebida branca e um bafo a nicotina, com caramelo, movimentos descomandados marcavam o tango solitário sobre o embrulho a negrito que envolvia a personagem. Conseguia-se identificar luz ambiente, um M vincado a amarelo a saltar duma parede rugosa, espessa e inconformada! Sinto agora, e na altura, que estava a ser psicólogo dum paciente impaciente e débil o que me deu prazer. Ouvir aquela voz cercada pela alcoolémia, tão surda...
Lamento não ter guardado senão estas recordações. O bilhete, rasgado, bem, esse eu reciclei-o. ]

[ Se alguém levantar 4 horas de ferro, em cada dia, sucessivamente, faz de nós uns bichos, com que é que nos temos que preocupar, hein?! ]

[ Tudo teve um fim... inesperado, mas feliz. ]

[ E no segundo fim, nasceu um barco, de papel e com duas velas ]

terça-feira, 9 de março de 2010

Telefonema à Janela



[ Não é a quantidade de linhas ou parágrafos que escrevemos, mas sim a grandeza do pouco que dizemos! ]

Atmosférico

[ Palavras semi-soltas. ]

sábado, 6 de março de 2010

Influente(mente)



[ Vinhamos, de longe, vestidos dumas personas que erguiamos a cada parágrafo, enquanto o cosia-mos na ambiência abafada que nos circundava. Ai, como tudo era tão fluído, ficcional, despido da realidade, onde muitas das vezes encontravamo-nos demasiadamente disfarçados nos heterónimos heroicos! A dada altura, falava-mos com a voz, prepotente, que já não sabia-mos abandonar. Construiu-se, ali, um coliseu, em movimento pleno, dum pressuposto que se parte de sonhos ambiciosamente alcançáveis, por virtude, ao abrigo da visão atenta de grandezas e poder para atrair atenções! Supremos! Era óbvio o tom hipebólico do perfil. Alguns risos desenquadrados denunciavam-nos perante a plateia que assistia, apática e inferior, aparentemente. Sim, eram de aparências contaminadas que iamos jogando, num malibarismo calculado à luz do improviso e do ridículo! Estavamos sete pés acima da minoridade, do pacato e simplório. Queriamos ser seres omnipotentemente inatingíveis. Descobrimos o gozo que nos dava ser o que nunca visionávamos pintar antes. Mascarávamo-nos por detrás de contactos, jantares alimentados pela influência, propriedades plantadas pelo planeta, edificados num estatuto altivo simplesmente porque podiamos conspirar magnificiência, durante alguns minutos, 40 minutos, mais ou menos... ]

[ Eu posso ser o que quero! E neste caso, um heroi de posse e postura. ]

[ Lembro-me dum Osvaldo, ao canto, a ser o que provavelmente não era, num mundo onde possivelmente jamais se recordará ter existido. ]

sexta-feira, 5 de março de 2010

Levo a Ribalta, Desligada



[ Não há quem não queira ser visto, mesmo não querendo protagonismo! Repara! Não vamos colecçionando troféus, estantes de pó, perfeitas conquistas dum pedestral diluido. Há calor então permanece alma nos promenores. Tomo a liberdade da focagem de segundo plano, mesmo terceiro, só para dizer que actuo sem intervenção e busco inclusão. Ok! Incorporo-me num corpo sem juízo, sem razão, na ponta do cano, sem saída. Credo, que imagem mais maligna e depressiva! Deixa-me reajustar as perspectivas, mudar a lente, focar outro plano...e deixar que a palavra ACÇÃO nasça no vento.
Admito, sou um incompreensível naufrágio, quando me vejo projectado no espelho nítido. Consigo é encobrir isso, quase, muito bem, vou achando eu... ]

Lã nos Dedos



[ Por estes últimos dias, que representam outro fim, tenho recebido saudações de todos os ângulos obtusos que consigo enumerar. Vou me equilibrando entre o que desejo não ser e o que desejo ter, de volta! Esfrego o relógio por não ter uma lâmpada mágica, estendido sobre esta cama abandonada, vapores a embaciarem os kilómetros e ouço um assobio...aqui! Existe a certeza de saber que nunca seria tarefa sólida este lidar emotivo, prego para estes peixes do silêncio submerso e respiro só quando sei que há luz, sem sombra. Quando adormeço embrulhado na angústia e no desconsôlo ansioso, nu de ti, intermitências aproximam-nos, aos poucos...aos poucos e poucos...]

[ Depois da vida terrena, vêm a vida eterna,
onde os transcendentes iluminam os crentes cá na terra! ]

quinta-feira, 4 de março de 2010

O Desgaste do Útil

[ Parece que por onde ando há uma coreografia ensaiada onde não me consigo encaixar. Troco os membros e vendo me ao sentir atrapalhado que me coordena epiletricamente! Parece que tudo passa por entre os dedos húmidos, reumáticos, estendidos, sem sequer insinuar o suspiro que me dá...]

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Todo o Resto de Ti

[ Está aqui uma atmosféra que implode a cada silêncio que ressoa. Pessoas vão entrando, em desfile, eu vejo-as, pressinto as suas ausências, compõem as mesas desalojadas desalojadamente! Acabou de chegar a minha água natural sem gás, Luso, por sinal, enquanto meu corpo vai se mergulhando nos banhos mornos que chegam de cima. Inhalo um ar tão claustrofóbico, desta cadeira solteira, que passo pelo inconsciente, adormeci num ápice, regressei no autocarro das 11h30 pm. Riu-me! Saceio-me nos rostos que decoram a distância. Gestos encurtem as medidas desmedidas...

Acho que só consumi uma Era, custou me 0.80€, mas deixou-me ameno, cheio.

Os dias têm sido um carrosel que quando abandono a diversão, bato com o corpo, também fatigado, no chão arido. Mas sei o que é saber! Somos todos mais infinítos que aquilo que mostramos e vamos mostrando. Por exemplo, há nuvens carregadas que nos sobrevoam, ouvimos o paladar na sua presença, mas em simultâneo, eu, vivo na certeza do aroma a algodão doce e dum estado animado que partilho cá dentro. Isto não é tudo preto, sobrevivo, resisto, não estou cadáver e elevo o positivo da poeira. A caminho do fundo deste poço sem fundo, admito que a viagem é seguramente mais requintada do que vazia... e aquele balcão perpendicular, ali, robusto e imponente contou-me que podia contar com ele... ]

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Barco a Vapor



[ Foi como encontrar um bilhete recarregável...no fundo do bolso mais pequeno! ]

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Bolsa de Ar Reciclado



[ Instalei uma maquina de secar directa ao meu carácter...vou engenhando, sem precisão alguma, a energia térmica da alma...torrida. Gosto de rabiscar com o dedo indicador...]

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Electricidade Estática



[ Tenho aqui um bombo, uma tarola, dois pratos e uma pedaleira que repercutam uma pulsação cardiaca, compasso arritmético, que me vai soando bem. Sabes, vou tocando sem as baquetas, só até alcançar a plenitude deste mundo. Já estive mais perto da transcendência e agora, estou aqui...num ápice...num quarto quase mudo, onde tudo deixa de fazer sentido a cada passo que não passo! ]

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Em dias de Arrepios



[ Nos dias de hoje, já não sei ao certo o que queria dizer quando dizia que o céu era somente o reflexo do meu interior! ]

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Astronauta



[ Se eu conseguisse ficar a salpicar o pano preto de fundo, numa tinta plástica branca, com estrelas Menores, durante o maior tempo possivel, mesmo sem toda a preocupação de atingir uma perfeição opaca , isso garantir-me-ia que todo aquele que me ergue (e pronto pronto, hoje abre-se uma excepção também àquele que me procura abolir) teria residência no feito? E se eu conseguisse arranjar um espaço indivisível, perto do que, daqui, parece ser luz, podia dar como certo ter reservado o sopro de eternidade?...
Só preciso de saber que vou semeando fragmentos da minha essência, entregando-os no interior de almas férteis...palpáveis... ]

[ Sei que consigo conseguir! ]

Um Lembrete Desalinhado



[ Houve um tempo sem hora marcada, numa sala sóbria, decorada com suspiros que iamos engarrafando. Uma atmosfera intermitente no fio da navalha, escavando os pedaços que ninguém é e remendando os ruidos daqueles que nunca foram, em livre arbitrios. Vazio! Pernoitam ecos e ressonâncias na mesa onde gostavamos de estar sentados, num repouso de meia luz, sempre com aquele candeeiro informal e diluido a preencher a imensidao entre ti em mim e eu em nós...
Houve umas tantas imagens que ficaram por reportar, diante o silêncio, ao abrigo de receios que fabricamos só porque havia ferro e fogo em redor. Queriamos criar gestos mas limitamo-nos a criar uma incomensuravel inexistência. ]

[ Tudo foi feito dentro dos parâmetros do banal ]

Restos de Rastos



[ Dançava! Recordo me das recordações de quando dançava, num tango entrelaçado com a cor e o calor. Ficavam me nódoas no ânimo de crimes que sonhava cometer. Assassinava as tentativas ociosas onde caía numa imensa paralesia inerte! Inerte! Recordo me de quando renunciava às propagandas impingidas, e até de quando contra-balançava vontades. Mexia me confiante sobre as incertezas dos outros, investia me em ser prepotente com o EU, outro EU, outro EU até onde corro, desalmadamente...Mudaste me para te poder mudar e agora, encontramo-nos os dois, perdidos...]

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Alpha



[ Hoje, entrei em mim pela porta de emergência, sem bater...sem deixar rasto e sem nunca sequer ter saido! Renasci? Luto de punhos cerrados com as remeniscências que vivem dentro de embrulhos, entre paredes com papel de parede e algumas anotações soltas, até fazer sair sangue frio pelos orifícios do que fui deixando noutro passado. Encontrei um album fotográfico repleto de fotografias queimadas, outras mal focadas, sem nunca as ter tirado, e uma frase, solteira sobre um fundo pálido e infinito que lia: 'aqui sei o que nao quero ser'! ]