quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Transcênde Amanha


[ Acreditava na alta fidelidade que desconhecia! Sintonizava, sonâmbulo, o televisor tímido, do mesmo sofá de ontem. Mergulhava-se numa mentira que teimava em reviver em loop...rebobinando roboticamente até
inventar-se pela última vez. Dizia às pessoas, que nunca vira, do quão preferia perfurar nas profundezas dum sono leve, com um olho aberto para o passado. Agora lembra-se das vezes que mentalizava-se de que o mundo não era mais que um intervalo prolongado entre duas séries sérias...a mortalidade e a imortalidade...
Daqui, a sala continua com aquele mesmo ar arrumado do comodismo! Entregue ao abandono para que nada falte, com a poeira a querer fazer-se pesar em nome do presente. Todos os dias a mesma mobilidade morta! Dá-lhe mais prazer pendurar-se nas fotografias para reatear a acendalha da memoria desfocada que deixou na mesa de cabeçeira. Convence-se que não se vence com um só disparo... Deita-se no colo nostálgico do que perdeu e aguarda...até que volta a entrar na sala-de-estar da semana passada! ]
[ Ele uma vez escreveu meticulosamente a sensação de ter estado num espaço sem estado ]

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