quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Universo




















[ O Universo inverte-se quando fecho os olhos. Tudo que tinha em mente ver tornou-se infinitamente espaçoso para me caber no corpo. Corpo minúsculo. Corpo desarrumado e doente! Parto em rumo ao canto maior sem atravessar o chão húmido para não ter de levar a saudade do mundo. Quero saber estar quando fecho a consciência todos os dias pela última vez!
  O Universo acorda quando me deito no suor seco e cerro os olhos até ficar dormente. O corpo desarruma-se e a doença volta a respirar. Tudo que tinha em mente para alcançar revela-se demasiadamente intangível. Quando se sonhou, pela primeira vez, sobre a teoria da relatividade, ele nunca imaginou que teria de encaixar fora do inexplicável e morar em nós. Nunca!
  O Universo decora-se sempre que tento-o imitar. Procuro ligar os buracos negros até que a centrifugação gere luz. Deixei de sentir com a carne e o humor arrefeceu de novo. Tudo que esperava mudar mostrou-se mentalmente pesado. 
  Nem a luz a rasgar o espaço, nem as teorias a criar a ciência, nem o corpo adormecido, desenquadrado e sujo, nem os cantos maiores e memoráveis, nem a consciência a crer se ajusta ao padrão invertido do Universo...quando fecho os olhos. ]

[ Quero reflectir sobre o esqueleto pixelizado do acordar! ] 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Desconstruir







































[ Pensa-se. Sai-se do prisma que se conhece para saber o que está do outro lado, no outro espaço que guarda todas as nossas ausências. Um pequeno rasgo de crer a crescer sobre a superfície rugosa da vontade onde tudo aparece e desaparece. Estudam-se métodos de modular o modo que respiramos até tudo se parecer tempestade e temor. Fecha-se o medo num quarto sem janelas na esperança que nasça ali um principio, um propósito! Pensa-se nas mil e uma formas de entender o pensamento sem nunca sair do sofá confortável em que o mundo se tornou...
 Pensa-se! Pensa-se demasiadamente baixo. Demasiadamente vazio e frio. Acredita-se que fomos feitos para acreditar quando isso é o nosso maior receio! Mordemos as mãos ao destino por saber que nos quer pegar ao colo! Somos os arquitectos de espaços por inventar, onde deitamos o corpo depois dos difíceis combates em que nos inscrevemos voluntariamente. Temos em nós todos aquelas memórias por desenhar, dentro dum prisma que se desconhece debaixo das pálpebras. Temos a liberdade de acordar a meio do milénio e exigir que seja o fim da fome. Somos os capitães dos navios que flutuam fora das correntes corrosivas e cordiais. Ensinamos a vida a desmaiar e perder os sentidos. Acreditamos que somos o que representamos. Ensinamos a vida a desmaiar novamente e passamos a acreditar que somos mais dentro do espaço que guarda todas as nossas ausências e assim...desconstruimos a ideia de existir, verdadeiramente. ]

[ À uns dias que não me vejo e começo a precisar dum novo esconderijo! ]

domingo, 2 de setembro de 2012

As Formas dum Momento sem Formato







































[ Acorda! Desamarra-se da corda que o prende ao mundo na expectativa que tudo se resolva com a sua ausência. Organiza as opiniões e defende a indiferença mesmo quando reconhece que cai no mesmo erro vezes a fio. Desafia o fio que o desvia do sorriso até vencer a liberdade de gestos. Sabe que não estar é pior que estar sem saber, então agarra-se à silhueta para mostrar que sobrevive das superfícies. Por vezes seco, por vezes um corpo encorpado sem jeito. Define-se assim...
  Forma-se! Confunde-se com o caos que consome. Confirma-se com cada cansaço que recupera. Às vezes não descansa, outras cansa-se com as maratonas que corre com a ânsia! Projecta uma perspectiva que abraça mas continua a viver o tempo com as mãos nos bolsos. Já suadas e feitas de fadiga. Custa-lhe ir à rua e ter que se enfrentar nos espaços rugosos da vida. Custa-lhe ter que se deformar para ser mais, mas agora que se compõe nos reflexos por onde passa, reconhece que o que mais pensava custar-lhe já o ultrapassa!
  Procura-se! Passa os dedos indefesos pelas paredes de pó e perdição até tocar no escuro. Receia residir ali, nos poços preferidos porque é nos buracos que os momentos morrem! Foge! Foge com o fogo a figurar-lhe as figuras que forma...foge frequentemente...e encontra-se, por fim, no mesmo espaço onde acordou. ]

[ Pensa deixar tudo que se entranha nele para dar lugar aos outros. ]