domingo, 13 de novembro de 2011

Deixa-se Assim



[ Já ia com metade da estrada e continuava a olhar pelo retrovisor baço! Ainda tão agarrado à perspectiva afunilada que se dissipava no piso imperdoável que lhe pertencia. Mesmo de mãos dadas com os máximos, encandeava-lhe a ideia de se despistar com o velho, de novo! Sempre preferiu acabar com o corpo abraçado à saudade e não com o cadáver abraçado à árvore inocente, a mesma de sempre, com aquele aspecto desajeitado que o lembrava do que acabara de deixar ser! Esforça-se por voltar ao volante antes que o espelho retrovisor se abra numa clareira e a metade que não conhecia tocasse na metade que julgou esquecida...até dar consigo ainda com o motor ao relanti...
Mudou de estação radiofónica até encontrar o locutor com a voz da sua consciência. O escuro que se misturava com a pintura da viatura causava lhe atrito, o que lhe deu tempo suficiente para achar a bem-dita estação, entretanto de outono. Sabia que o tinha criado uma vez numa outra viagem que fizera mergulhado na noite, e que já o sabia de cór... voz vincada que gostava de não gostar! ]

[ Com a janela de condutor entre-aberta, memorizava o caminho pela pressão atmosférica. ]

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