quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Poeiras por Pensar







































[ Ponderei. Ponderei sobre o caminho que os meus pensamentos estavam a tomar. Menti-me durante milhares de milhas até tocar no contorno áspero do começo. Passei a palma da mão na alma do mundo para ver se mudaria de forma. Não! Nada muda de forma se mantivermos o mesmo modo de pensar. Levei estas dúvidas comigo na esperança que existir do lado de fora do ser me garantisse a liberdade expansiva de que tanto falam. As vozes dos moradores mentais a quem dou residência trocam-me as vontades...ainda assim...pondero!...
  Conto com o bater do corpo no anonimato para fingir que não estou! Conto até perder as contas às vezes que entrei na dança do estar. Conto cada circulo desfigurado que a minha consciência cria no chão até memorizar a geografia das memórias! Volto a estar lado-a-lado com o começo e mesmo assim estou igual! A palma da mão esconde-se de vergonha e a única substância a mudar de forma é a do bem-estar. Pensava que o pensamento se esticava até formar o prisma perfeito a que posso chamar casa. Perdi todo o jeito de dobrar a dúvida em dois e fazer dela um barco de papel. Nem o papel é da mesma qualidade...
  Ponderei. Ponderei sobre os pormenores permanentes e sobre os pormenores doentes e dúbios. Ponderei sobre tudo enquanto tudo o resto fazia sentido! Passeei tanto tempo nos jardins desertos do pensamento que não dei pelo mundo a manifestar-se e quando voltei das milhares de milhas até à vedação volátil da vida, encontrei-me sem sentir...
  Ainda assim pondero. Prefiro dar o que julgo ainda ter do que comprometer-me com o que jamais terei! ]


[ Tudo que se ergue no espaço são partes dum sonho. ]

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